Rankig mostra lentidão nos avanços do saneamento no Brasil
Fonte: FAO/BR
Mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada; metade da população não recebe o serviço de coleta de esgotos em suas residências; e apenas 40% dos esgotos gerados no Brasil passam por um tratamento adequado. Este é o retrato do País, traçado por um estudo desenvolvido pelo Instituto Trata Brasil, com base em dados de 2014 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades.
O “Ranking do Saneamento nas 100 Maiores Cidades”, realizado em parceria com a consultoria GO Associados, traduz em números a lentidão dos avanços no setor e o baixo grau de investimento. Panorama que deixa ainda mais distante a meta da universalização dos serviços, conforme explica Pedro Scazufca, sócio da GO Associados: “Temos, de fato, observado que o tratamento e a coleta de esgoto têm avançado, mas a um ritmo muito lento. A coleta de esgotos, por exemplo, era de 49% no ano passado e agora é de 50%. E o que concluímos é que, nesse ritmo, não vamos conseguir alcançar a meta do Plano Nacional de Saneamento Básico, que é uma meta que prevê que a universalização dos serviços deve ocorrer em 20 anos, até 2033. Pelos nossos cálculos, essa meta será alcançada depois do ano 2050, mantido o ritmo atual de investimentos. Estamos investindo menos que o necessário, e por isso, iremos alcançar essa universalização apenas 20 anos depois do previsto, mantido esse ritmo”.
Segundo Pedro Scazufca, a situação mais preocupante continua ocorrendo nos estados do Norte do País: “Entre as 100 maiores cidades, verificamos que os dez piores colocados estão concentrados no Norte do Brasil. Então temos algumas capitais importantes do Norte do País entre os dez últimos colocados. As últimas cinco posições do ranking são de cidades do Norte: Santarém (PA), Manaus (AM), Macapá (AP), Porto Velho (RO) e Ananindeua (PA). Então temos essa concentração no Norte e em alguns municípios do Rio de Janeiro. Temos também duas cidades do Nordeste, Jaboatão dos Guararapes (PE) e Juazeiro do Norte (CE), que estão entre as piores cidades. E nessas cidades, de maneira geral, todos os indicadores infelizmente são ruins, tanto nos indicadores de coleta e tratamento, quanto nas perdas de água… então são cidades que realmente que tem muito que evoluir”.
O tratamento de esgotos com relação ao volume de água consumida é o pior indicador; apenas 19 municípios tratam mais de 80% de seus esgotos e apenas três tratam 100%: Limeira (SP), Piracicaba (SP) e São José dos Campos (SP). Franca (SP) e Belo Horizonte (MG) são as únicas cidades que possuem 100% de coleta de esgoto, segundo o diagnóstico.
Com base numa série de indicadores, o ranking é liderado por Franca (SP), seguida por Londrina (PR), Uberlândia (MG), Maringá (PR) e Santos (SP).