Cultura de brechós: sustentabilidade, aspectos econômicos, mitos e preconceitos
Todos os artigos comercializados em brechós e lojas de usados em geral, já pagaram impostos na primeira aquisição, o que torna atrativa a relação custo benefício.
Há 13 anos no ramo de brechó, comercializando roupas e calçados usados para crianças e adultos, Terezinha Troc (Polaca), poderia bem ser uma consultora no assunto, visto que explica com desenvoltura o processo de compra, venda, relação com o cliente e até a legislação, em relação à usados.
A informação dada por Polaca, em relação ao último quesito, aliás, faz todo o sentido, o que pode tornar o segmento ainda mais interessante, do ponto de vista sustentável e econômico. Ela observa que todos os
artigos comercializados em brechós e lojas de usados em geral, já pagaram impostos na primeira aquisição. “Eu emito nota aqui, das peças novas que também comercializo. Mas das usadas não. Aliás, não conheço nenhum brechó que emita nota fiscal, em lugar nenhum”, comenta a lojista que destaca sua experiência em saber comprar e saber vender, como o segredo de sua permanência no mercado de usados.
Como cliente de brechó, a professora Edicléia Pastori, diz que começou a comprar algumas peças, após ter conhecido a Polaca, e acabou criando o hábito de sempre dar uma espiada nas peças que possa compor com alguma coisa que já tenha. “Comecei a perceber que há coisas boas, com preços acessíveis e com vida útil longa. Isso é muito bom, pois nos faz pensar em reduzir o consumo desenfreado”, afirma a cliente, destacando que também procura comprar produtos de qualidade e com preços competitivos, pela Internet. Mas alerta que é preciso certificar-se sobre a segurança das páginas de compras.
Outra empreendedora há cerca de cinco anos no ramo de brechós infantil e adulto, é Eliane Bernardi. Ela vende e também trabalha com peças exclusivas para locação, tanto para festas convencionais, como a fantasia. Para ela, o preconceito em adquirir e usar produtos de brechó é coisa do passado. “Tenho uma clientela muito consciente sobre o que é essa alternativa sustentável. Pessoas que sabem que o fato de nos desfazermos de um produto, não significa que não tenha boa qualidade. Isto ocorre por muitos motivos, como mudança de tamanho, clima, estilo, endereço, etç”, acrescenta.
Uma das clientes de Eliane é a vendedora Vanete dos Santos. Ela diz que compra produtos novos, mas sempre que encontra uma peça que atende a opção do que está precisando, no brechó, dá preferencia, considerando preço e estado do produto. “Compro para mim e também para minha filha de 6 anos, principalmente calçados. Criança deixa tudo em bom estado. Então, costumo trocar por outras peças que lhe sirvam por mais tempo”, relata.
Já, a também lojista de brechó, Cleozir Ferreira, fala de sua experiência de um ano a frente de um brechó, onde tem sociedade com a filha. “Além de ser o meu trabalho, é um local onde faço muita amizade com a clientela. Acho que por ser uma cidade pequena, a gente conversa, fica conhecendo as pessoas e isto torna o ambiente muito gostoso, porque vai além da relação comercial”, ressalta.
Confirmando a versão de Cleozir, sua cliente Glacir Ribas, que é professora, diz que
compra em brechó, sem preconceito algum. Ela destaca que há muitos mitos, que já ouviu falar que usar roupa
de brechó pode ser perigoso por causa de doenças de pele, entre outras coisas, e faz uma análise sobre o assunto. Em qual loja de roupas novas a gente prova roupas que ninguém nunca tenha provado também? Então, esse medo não faz sentido, uma vez que o mercado de carros usados também é forte e todos aderem, sem questionar”, conclui.