Produtores debatem viabilidade e expansão para o leite agroecológico
Conjuntura nacional do mercado leiteiro, estratégias para alimentação animal, custos de produção, diagnóstico dos produtores de Leite locais e lançamento da Campanha Regional de Produção Agroecológica foram debatidos.
Produtores de leite que já estão produzindo e em fase de transição de convencional para agroecológico, de diversos municípios da região, participaram nesta sexta-feira (11), do II Encontro de Produtores de Leite Agroecológico, na Associação 8 de Junho, no Assentamento de mesmo nome, em Laranjeiras do Sul.
Ao falar sobre o mercado nacional do Leite, Antônio Miranda, coordenador do Movimento MST ressaltou que os produtores que se organizam, visando a produção agroecológica, defendem um novo modelo de produção. “Os movimentos precisam colocar como bandeira principal, a luta pela produção de alimentos pelo modelo de inclusão do trabalhador no campo. Para isso, a agroecologia é o principal instrumento”, disse Miranda, acrescentando críticas aos bancos públicos por não oferecerem, segundo ele, linhas de crédito para a agroecologia. ”Não basta o governo fazer planos. É preciso que libere recursos”, finaliza.
Estratégias de manejo e viabilidade
O professor de Agronomia da Universidade Federal da Fronteira Sul, Paulo Mayer, falou sobre Estratégias de manejo para alimentação animal. Ele sugeriu que os produtores utilizem a parte superior da rama da mandioca (com as folhas) para a produção de feno – alimentação processada que pode ser armazenada por tempo indeterminado, e de acordo com o professor, rica em proteínas e calorias.
Também da UFFS, o professor Pedro Ivan Christoffoli, falou sobre Custos e apresentou uma pesquisa sobre produção e rendimentos, tanto dos produtores pelo método convencional, como aqueles que estão em transição e os que já são agroecológicos. De acordo com a pesquisa, o sistema convencional consegue produzir mais leite, em menos áreas. No entanto, os custos são mais elevados, cerca de R$ 0,58 por litro de leite, enquanto que o agroecológico investe cerca de R$ 0,26, por litro, em insumos homeopáticos.
Para a produtora Elenice Dias Batista, produzir leite agroecológico se justifica, primeiro, pelo benefício à saúde. Depois, o fato de custar menos é o que torna viável, pois o custo mais baixo, significa equilíbrio nos períodos em que o preço do leite cai. “Já migramos para o agroecológico há dois anos. Ainda não temos a certificação, mas estamos a caminho e satisfeitos”, declara.
Tratamento homeopático
Os medicamentos homeopáticos contra parasitas, prevenção e controle de outras doenças nos animais, estão sendo produzidos num laboratório anexo à Associação 8 de Junho, sob a orientação do médico veterinário Eduardo Silva, responsável técnico pela agroindústria da Cooperativa Coperjunho, produção e sanidade dos animais e produtos agroecológicos.
Sistema cooperativo
Com a primeira etapa já concluída pelo Projeto Terra do Sol do Incra, as novas instalações da cooperativa que processará o leite agroecológico, aguarda a liberação de um recurso da Fundação Branco do Brasil, em convênio com Ministério da Agricultura, Incra e BNDES, agora pelo Programa Terra Forte do Governo federal, para ser concluída. De acordo com o médico veterinário Eduardo Silva, apenas 2 dos sete produtores de leite agroecológico certificados na região, entregam sua produção para ser industrializada, nas
atuais condições da cooperativa, e cinco deles comercializam o produto como se fosse convencional. “Já temos mais de 100 novos produtores que estão em fase de transição do convencional para o agroecológico. Mas só a partir da conclusão da obra e estruturação da cooperativa, é que o volume de produção poderá ser industrializado, reconhecido e certificado como agroecológico” explica Eduardo.
Campanha e concurso
De acordo com Luiz Carlos Costa, coordenador do Programa Ecoforte que executa a Campanha Regional de Produção Agroecológica, o edital prevê premiação para cinco colocações de produtores em produção de leite agroecológico, e cinco em sistemas agroflorestais. “As inscrições vão até nove de outubro. São quatro itens temáticos na avaliação, destes dois obrigatórios (moradia e saúde e meio ambiente) e dois opcionais (produção de leite agroecológico e sistemas e quintais agroflorestais)”, destaca.
A premiação varia entre R$2 e R$ 4 mil, para 5º e 1º colocados, e podem participar produtores de Laranjeiras do Sul, Rio Bonito do Iguaçu, Porto Barreiro, Saudade do Iguaçu, Laranjal, Palmital, Quedas do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Goioxim, Cantagalo e Marquinho. Mais informações nos escritórios ATER da Ceagro, ou na Coperjunho, no Assentamento 8 de Junho.