Produção de uvas se mostra viável e com diferencial positivo na região
Em apenas sete anos de experiência com a plantação de uvas, com foco no suco integral, Eliseu Telli está satisfeito com o resultado, tanto da produção como comercialização, já com demanda nas maiores cidades do Paraná, e nos Estados de MS e SP.
Foi pensando em alguma cultura que pudesse ser processada e armazenada, que o Engenheiro Agrônomo Eliseu Telli decidiu plantar uvas em sua propriedade, em Rio Bonito do Iguaçu, onde vive há 13 anos, com a esposa, também Engenheira Agrônoma, Maristela, e as duas filhas do casal, ambas com sete anos.
Como primeira hipótese de cultivo de um produto processável, ele pensou em milho verde e pipoca. Mas desistiu pelo fato de ser um mercado com grandes detentores de marcas de renome, o que segundo ele é um fator a ser considerado ao se investir m qualquer segmento.
A inspiração para plantar uvas aconteceu durante uma visita técnica a uma plantação de uva no Rio Grande do Sul, quando conheceu uma produção artesanal e percebeu que aquele podia ser seu produto processável, com aproveitamento integral, modo de produção simples e viável. O que, de acordo com ele, vem se confirmando.
Eliseu começou plantando um hectare da variedade Concord para a produção de vinho para consumo próprio, o que diz só ter chegado a um nível de qualidade aceitável, há pouco tempo. Mas vinho é só “hobby”, seu produto de interesse, já certificado e com grande demanda é o suco Quinta da Videira, que produz a partir de 18 toneladas/ano, sendo que o rendimento é de 50 a 60% do produto bruto, em suco. Ele observa que sua produção ainda é baixa em relação à área plantada, porque os talhões ainda estão em formação. “São plantações novas”, destaca.
O mais novo mercado, que Eliseu conquistou foi o fornecimento da polpa da uva que produz – com a qual também fabrica geleias, em sua agroindústria – para a fabricante do Sorvete Freddo, em Curitiba. “Enviei uma mostra. A gerente testou e me confirmou o interesse. Entreguei a primeira remessa na última semana”, comemora o produtor, que por ocasião da safra que começa em novembro, também tem grande demanda pela uva de mesa in natura, em Laranjeiras do Sul e Região.
Diferencial positivo da produção local
De acordo com o produtor, o principal diferencial positivo da produção local é que o clima e solo da região produzem Dois graus babos o brix de açúcar, a mais que as uvas da Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul. No entanto, como faz menos frio que lá, a brota das gemas é mais lenta. “Estou testando um insumo que quebra a dormência das ramas, fazendo com que as gemas brotem por igual. Mas ainda estou em fase de testes”, comenta.
Um fator que pode influenciar a produção da próxima safra, segundo Eliseu, é a previsão do fenômeno El Niño na região. “Se vier com a força que a previsão antecipa, pode afetar a qualidade. Mas a produção agrícola é sempre assim. Está sujeita ao tempo seus fenômenos”, pondera o agropecuarista, ao fazer uma previsão de que dentro das condições normais, espera que sua atual produção de uvas, daqui há três anos, tenha um rendimento equivalente ao que rende o gado, também na mesma área que utiliza hoje. Isto numa proporção de cinco hectares para mais de 100 hectares destinados à bovinocultura.
“A receita bruta da produção de frutas é dez vezes maior que a da produção de grãos, por exemplo. Quando processado, então vai para 20 vezes”, ressalta Eliseu, enfatizando a não necessidade de terreno grande para obter bom resultado. Ele salienta que os produtores de uva da região de Bento Gonçalves/RS, são todos pequenos produtores e têm excelente qualidade de vida, sem falar que a geografia lá, é em declive.
Hoje, Eliseu produz quatro variedades de uva: Isabel, Bordô, Concord e a Niágara Branca. Esta última em menor escala, por ter apresentado pouca produção no início. Mas ele afirma que já descobriu o motivo e que a Niágara pode ter o mesmo rendimento das demais uvas, na região.
Tamanho e diversificação da propriedade
A propriedade de Elizeu é de 87 Hectares, mas como arrenda as terras que pertencem aos demais membros da família, tem uma área de 700 Hectares que utiliza. Metade para o plantio de milho e soja, principal atividade do produtor. E outra boa parte destinada à criação e confinamento de gado de corte, sua segunda principal atividade. Utilizando apenas cinco hectares para o plantio de uvas.
O produtor diz que não pretende aumentar a área plantada com uvas. Apenas cuidar para que o parreiral atinja a produção máxima, e que seu foco é na qualidade do produto. “O suco que produzimos aqui é integral. Sem adição de açúcar e sem conservante, o que pode se conservar por até dois anos”, explica.