Professores e estudantes da UFFS – Laranjeiras relatam participação no X Congresso Brasileiro e VI Congresso Latino Americano de Agroecologia

A camponesa Ana Claudia Rauber, que tem um sítio agroecológico certificado em Cantagalo (Recanto Primavesi), ficou entre  os participantes premiados como guardiães de sementes crioulas 

Marcos Paulo Bertolini e José Henrique Carvalho, estudantes de Agronomia e bolsistas do PET Conexão de Saberes e Políticas Públicas. de Agroecologia

O X Congresso Brasileiro e VI Congresso Latino-Americano de Agroecologia,  que aconteceu de terça-feira (12) até sexta-feira (15), em Brasília-DF,  reuniu cientistas e pesquisadores que aprimoram a ciência agroecológica, camponeses e representantes de diversos movimentos sociais  em torno de debates, trocas de saberes e alternativas que favoreçam a promoção de uma sociedade ambientalmente sustentável, economicamente viável e socialmente justa. A UFFS – Laranjeiras se fez presente, por meio de representações de professores e alunos, que compartilham com a população algumas das temáticas tratadas no evento.

Manuela de Carvalho Pereira (1a da foto esq. p/ dir) com a presidente da Sociedade Científica Latinoamericana de Agroecologia, Clara Nicholls.

De acordo com Manuela de Carvalho Pereira,  professora da UFFS – Laranjeiras, o foco principal foi na promoção do bem viver, através da transformação dos caminhos dos sistemas agroalimentares da America Latina, tendo discussões sobre o que a proposta camponesa traz em contraponto a todas as mudanças climáticas e as crises estruturais econômicas e todos os seus ataques perversos à população, e transversalmente, as afirmações do Ecofeminsmo e da necessidade e de existir e resistir aos governos impopulares tanto no Brasil como nos demais países, que vem atacando os direitos dos povos em toda a America Latina.

Ainda de acordo com a professora, houve discussão e resgate das memorias do movimento agroecológico na America Latina. “Alguns espaços  foram construídos e uma linha do tempo, onde consta também a sementinha da UFFS, junto com outras sementes que a gente vem cultivando e colocando na terra para aflorar, avançar nessa nossa proposta agroecológica”, destacou Manuela, ressaltando que foi uma semana de muita motivação para professores e alunos da instituição, pelo fato da UFFS estar entre as 10 melhores universidades do Brasil, na pesquisa do Enade, publicada recentemente.

A professora destaca ainda a diversidade de espaços proporcionados pelo evento, garantindo a sociodiversidade, priorizando a  agroecologia com sua representação de alimentos, artesanatos conjunto de produtos das cinco regiões do país, feira gastronômica com representação de receitas tradicionais com grande participação do público em geral, e os espaços científicos de debates, afirmando a necessidade de avançar, embora num contexto de retrocesso da Agroecologia, palavra que segundo ela, some cada vez mais,  das  políticas públicas. “Nós da UFFS – Laranjeiras participamos dos debates com a presença dos núcleos de agroecologia como Aquanea, NeaCantuqirigçu, mestrandos e graduandos do grupo  PET Políticas Públicas e Agroecologia, tanto trocando experiências práticas e científicas, como sobre como nos articular para  garantir que as conquistas sejam um direito, assim como prevê a política nacional de Agroecologia e produção orgânica.

Ana Claudia  Rauber com seu prêmio de Guradiã das Sementes, do X Congresso Brasileiro e VI Congresso Latino Americanos de Agroecologia.

Para a camponesa Ana Claudia  Rauber de Cantagalo, que participa hoje como camponesa, mas em três anos anteriores, participou como aluna da UFFS (graduação e mestrado em Agroecologia), o que diferenciou esta edição do Congresso Latino Americano foi a participação  popular em suas diferentes formas como  incluindo os camponeses, os assentados, os indígenas, sendo que o que mais marcou para ela, foi a inserção das mulheres, na perspectiva da necessidade de uma sociedade com equidade de gênero, tanto em direitos como em deveres. “Isto é muito importante, uma vez que as mulheres desempenham um papel  em todos os espaços, desde aquelas que estão no campo cultivando , produzindo cuidando das sementes e das plantas medicinais, até aquelas mulheres que estão nas universidades fazendo pesquisa e mostrando resultados com relação ao conhecimento agroecológico”, ressaltou Ana, observando que a participação e luta política dos movimentos sociais demonstrou que a Agroecologia acontece a partir de um conjunto de conhecimentos, tanto dos conhecimentos da universidade, como dos povos que estão no campo. Ana destacou ainda a organização do evento em relação a exposição, cadastramento e variedade das sementes crioulas, que finalizou com premiação para os “Guardiães das Sementes, na qual ela foi premiada. Ela levou 28 variedades de plantas. O premiado que mais levou variedades, apresentou 50 variedades.

Ana Claudia Rauber é proprietária do Recanto Primavesi de Catagalo, que traz em seu nome uma homenagem à Ana Maria Primavesi, engenheira agrônoma brasileira nascida na Áustria, responsável por avanços no campo de estudo das ciências do solo em geral, em especial o manejo ecológico do solo.

Já, Marcos Paulo Bertolini, estudante de Agronomia e bolsista do PET Conexão de Saberes e Políticas Públicas de Agroecologia, disse ter sido muito importante participar do congresso.  “Foi um momento de troca de saberes, onde a gente pode ver a agroecologia realmente tratada como uma ciência, e onde pode-se conhecer a  realidade dessa ciência no Brasil e na América Latina, assim como a diversidade de culturas dentro do nosso e demais países”, conclui.

 

 

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