Assentamento do MST protagoniza produção de café orgânico na região
Uma família da comunidade Dez de Maio no Assentamento Celso Furtado em Quedas do Iguaçu, começou plantando café para consumo próprio, mas com orientação e auxílio técnico, ampliou a produção, e hoje já está comercializando café agroecológico.
O produtor Josué Evaristo Gomes, que vive com a mulher e os pais no lote que conquistou no Assentamento, conta que após o primeiro plantio ampliado, com duzentos pés de café produzindo, e já na segunda colheita, decidiu plantar mais 280 pés, estando atualmente com 380 unidades.
Ele iniciou a experiência com apenas 40 pés de café, com o objetivo de produzir para consumo próprio. Mas incentivado por técnicos do CEAGRO – Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia, encorajou-se a levar a ideia adiante, e diz que o mercado para vender o produto é maior do que imaginava. “Como meu pai e tio sempre plantaram café para o consumo próprio, quis resgatar essa prática que acabou rendendo, e hoje estamos focando numa produção para atender o mercado de Agroecológicos”, comenta.
Na primeira leva da colheita, equivalente a 30% da produção, Josué colheu perto de 700 kg, de grãos in natura. Ele já tem data marcada para mais cerca de 40% da colheita e os outros 30%, é na fase mais tardia da produção.
Mercado
O mercado do café para Josuè, por enquanto se resume a vendas do produto já moído, nas feiras agroecológicas, sendo que o maior volume da produção, vende para um novo produtor de café, que surge no Assentamento Ireno Alves, em Rio Bonito do Iguaçu, Claudemir Gregório, que faz o processamento do produto a partir do conhecimento que tem na obtenção grão e processamento de cafés especiais.
O envolvimento de Gregório com o universo do café
Gregório adentrou ao mundo dos cafés, quando cursava Filosofia na Universidade Federal do Paraná, e morando em Curitiba, começou a trabalhar em bares gourmês, especializados em bebidas com fermentações especiais, como cervejas e cafés.
Ele acabou se apaixonando pela diversidade dos processos, blends e variedades de cafés, tendo começado a inventar métodos de processamento do produto, a exemplo da estufa rústica, mas com possibilidade de controle da temperatura interna, para secagem de café, antes de levar para a torrefação.
Após vivenciar todo o processamento do café, que hoje vem adquirindo de Josué, Claudemir leva para torrefação em empresas especializadas em cafés especiais em Curitiba, para só após se certificar dos resultados, comercializar o produto. “Estou plantando café por meio do cultivo agroecológico, aqui no assentamento, na propriedade de meus pais. Já tenho cerca de 300 pés perto de dar a primeira florada, e mais 500 mudas para replantar. No entanto, meu objetivo no momento é conhecer mais e mais sobre o processamento que agregue ao produto”, diz Gregório.
O produtor e pesquisador Claudemir Gregório, conta ainda que em suas avaliações, mais importante que o local geográfico de produção, é o método de processamento do produto que mais determina a qualidade dos bons cafés. “Muito se fala que os cafés colombianos e africanos são os melhores. No entanto, nas muitas experiências e comparações que já fiz, percebo que grãos brasileiros, onde o manejo de produção e processamentos são feitos adequadamente, não deixam nada a desejar. Por isso, hoje é o meu principal foco é como processar as diferentes variedades”, ressalta Gregório, que em seu plantio, cultiva Arábica.