Engenheiro agrônomo desenvolve pesquisa inédita para controle orgânico de pragas
O cultivo e disponibilidade da “Tesourinha” em maior quantidade do que a existente na natureza, é apontada como totalmente eficaz no controle de lagartas e pulgões, de acordo com o pesquisador autônomo e engenheiro agrônomo, Renato Brancher.
Há três anos o engenheiro agrônomo gaúcho, Renato Brancher, que mantem seu laboratório particular anexo a residência, em Laranjeiras do Sul, pesquisa e faz diversos experimentos com o inseto de nome cientifico EUBORELLIA, conhecido popularmente na região como “tesourinha” ou “lacraia”, com a finalidade de comprovar sua eficácia no combate natural de pragas nas plantas.
O pesquisador diz que iniciou a pesquisa a partir da experiência que obteve, durante seis anos que viveu na Bolívia, tendo aprofundado o conhecimento na produção orgânica em larga escala, quando assessorou quatro produtores que juntos somavam três mil hectares de soja e girassol, cultivados alternadamente. De volta ao Brasil, ele conta que foi incentivado pela professora e pesquisadora na área de controle biológico da Universidade Estadual do Oeste do paraná (Unioeste), Vanda Pietrowski, a dar continuidade a produção
de um tipo de mariposa, cujos ovos servem de hospedeiro para o TRICHIOGRAMMA, nome comercial de outro tipo de inseto predador biológico de pragas. Esta já cientificamente comprovado conforme o destaque abaixo. Foi então que também começou a estudar a “tesourinha, tendo encontrado três tipos na região, e concluído que a de cor preta é a mais adequada para a reprodução em laboratório seja eficaz no combate a pragas.
De acordo com Renato, a eficácia de seu objeto de pesquisa está mais que aprovado por meio de testes em nível de campo, que vem realizando com 10 produtores de Laranjeiras do Sul, e que já confirmam resultados positivos. Porém, para que a metodologia seja disponibilizada no mercado, falta ainda um trabalho técnico científico que valide a certificação, o que
tornaria comercial a viabilidade técnica para a implantação desse sistema de controle orgânico/biológico. “É um inseto que existe naturalmente e que a população já o conhece. O que estudo é a reprodução e distribuição em quantidades adequadas na propriedade, para as quais são necessárias algumas técnicas. Mas sem dúvidas de baixo custo e o mais importante, fazendo o controle de insetos por meios do próprio ecossistema, sem utilizar produtos químicos. Isto, além de outros benefícios, barateia o custo da produção”, acrescenta.
O engenheiro explica que existem centenas de insetos que se alimentam de outros insetos e microrganismos como fungos, vírus e bactérias, fazendo o controle natural dessas pragas. No entanto, em quantidades desproporcionais, tornando necessária uma intensificação de alguns tipos e raças resistentes, para que ocorra o equilíbrio desejado entre predadores e insetos nocivos. Além de insetos também existem produtos comerciais a base de Fungos, Vírus e bactérias que combatem naturalmente as pragas, a exemplo do TRICHODERMA (fungo) que faz o controle de outros fungos, DIPLOMATA (vírus), que controla insetos, e o BACILUS (bactéria), que controla insetos.
Renato destaca que desde que chegou do Rio Grande do Sul para residir em Laranjeiras, se surpreende com a cultura tanto de produtores como de seus colegas engenheiros agrônomos, em relação à consciência ambiental e preservação da natureza. “Tanto que o combate da lagarta da soja, sempre foi feito preferencialmente aqui, com o Baculovírus, que é um inseticida biológico. E isto há mais de 30 anos”, ressalta o agrônomo, enaltecendo o que chama de cultura de boas práticas agrícolas, que em sua avaliação faz com que a produção agrícola da Região de Laranjeiras tenha 1/3 a menos do veneno que se usa na região de Cascavel, por exemplo.
Vespinha TRICHIOGRAMMA, inseticida natural já disponível
Conforme explica ainda, o agrônomo Renato, outra forma de combater as pragas, já comprovada cientificamente e disponível ao produtor com toda a orientação técnica, é uma espécie de vespa, de nome comercial TRICHIOGRAMMA, que parasita os ovos das lagartas (de qualquer espécie), se alimentado do conteúdo interno e utiliza a casca para postura de seus ovos. Com isso, o ciclo de reprodução das lagartas é interrompido e a vespinha se multiplica, aniquilando-as. “ Em Laranjeiras do Sul, temos o TRICHIOGRAMMA na cooperativa Coprossel, entidade com atuação importante na orientação pelo uso de inseticidas biológicos”, destaca Renato, acrescentando que: “Quando se faz o controle com inseticidas biológicos como o TRICHIOGRAMMA, o produtor começa a fomentar uma cadeia de resgate destes organismos benéficos, antecipando o controle de pragas que surgem em diferentes fases da planta, a exemplo do fede-fede, que surge quando a folha já está mais firme, começando a perfurar a vagem”, alerta.
O processo de reprodução do TRICHIOGRAMMA em laboratório é bastante curioso. Pois até que o parasita encontre ovos de outros insetos, Renato cultiva um tipo de mariposa. Os ovinhos delas são colocados em freezer para acelerar o processo de morte desse ovo, que é imediatamente ocupado pela vespinha TRICHIOGRMMA, pondo os seus ovinhos dentro deles, que eclodem em quatro dias. Estes seguem em busca de novos ovos de hospedeiros (que são larvas nocivas) e assim, os frutos e grãos crescem sem danos.