Falhas no Ensino médio e questões estruturais são desafios no processo de formação da UFFS
Em debate sobre limites e avanços da extensão e pesquisa da UFFS Laranjeiras do Sul, no contexto do desenvolvimento regional, foram expostos diferentes pontos de vista de professores e de alunos, em relação aos problemas e suas possíveis soluções.
Durante mesa redonda, cujo tema foi “Limites e Avanços da Extensão e Pesquisa da UFFS no Contexto do Desenvolvimento Regional, abrindo a semana do V Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Laranjeiras do Sul, professores manifestaram o drama tanto dos alunos, como dos docentes, quando o ensino médio não cumpre sua meta.
Há cinco anos em funcionamento na região, a UFFS revela que as dificuldades nesse sentido, enfrentadas pelo campus, ainda são dramáticas. No entanto, de acordo com a professora Sílvia Romão, que participou da mesa de debates, juntamente com os professores Ernesto Quast e Rubens Fey, a dificuldade em algumas áreas estava sendo contornada com a alternativa de um projeto que viabilizava grupos de estudos, mas que, no momento está parado.
O Aluno da 2ª fase de Agronomia, Heliton dos Anjos, questionou o conceito de meritocracia, apontado como critério pela professora Sílvia, sobretudo em relação aos bolsistas. “O que é meritocracia, quando aqueles que sempre tiveram mais acesso a educação são os que conseguem uma situação mais regular, em relação às notas e desempenho? Será que um aluno que trabalha na roça, teve a mesma oportunidade”? Questiona Heliton, dizendo que ele pessoalmente, não se coloca como vítima, pois está se esforçando para superar as falhas na formação básica, mas que tem colegas que deveriam receber tratamento especial da universidade e que a retomada dos grupos de estudos poderia contribuir.
“Compreendo a dificuldade trazida pelos alunos. Mas quando um estudante de Agronomia reclama que é difícil acompanhar genética por exemplo, que é uma disciplina do ensino médio, mas que saem sem ter tido acesso a esse conhecimento, eu sou quem pergunta, o que fazer? A verdade é que o mercado não quer saber onde foi essa falha, quer que a partir do momento em que você se forma, seja um Agrônomo completo. Então, resta superar os problemas e correr atrás do conhecimento. A ciência não para nos esperar”, enfatiza a professora, ao dizer que presa sim, pela meritocracia, e esse é seu critério na universidade que é para todos.
A professora Sílvia é reforçada pelo professor Ernesto Quast, que é oriundo da Universidade de São Paulo (USP), e destaca que as dificuldades para que os alunos se mantenham e se desenvolvam, principalmente no que se refere aos cursos de pesquisa e extensão, são desafios comuns na maioria das instituições, mesmo que em contextos diferentes.
Participando da plateia, as professoras Luciana e Maude, convergem no posicionamento de que embora o esforço meritoso, seja papel do estudante, é preciso que o contexto regional seja visto na sua particularidade. “Quando ouço os professores falando sobre as diversas problemáticas me identifico com todas elas. Mas precisamos olhar com muito cuidado, pois mesmo que nos identifiquemos com algo, as particularidades de uma região são muito peculiares”, observou Maude.
Ao fim do debate, a professora Sílvia Romão, ressaltou que os grupos de estudos ou cursos de nivelamento têm sido a única solução para “aprender a aprender” e que precisam ser retomados, até que se corrijam as
fragilidades do ensino médio. Pois segundo ela, tanto a universidade precisa e deseja lançar profissionais qualificados no mercado, como se espera desse mercado espaços de trabalho condizentes. “É nesse sentido que falo da importância da universidade atuar em todos os níveis. Pois pesquisa e extensão só são desenvolvidas na universidade pública. As particulares não desenvolvem pesquisa neste país. O espaço de pesquisa é aqui. Por isso, a interdependência é recíproca”, considera a professora.
Além da mesa redonda de abertura, o V SEPE, tem uma programação extensa tanto para a comunidade universitária como para todos que quiserem participar, com apresentação de 104 projetos de extensão, concluídos ou em curso, 12 oficinas com salas temáticas, e palestras. Todos com espaço para perguntas ao final.
Confira programação aqui