Laranjeiras já tem grande demanda por pescados e estreia oferta de camarão de água doce
A mudança de hábitos do consumidor, assim como a capacidade de oferta pelos produtores, vem sendo atribuídas ao curso de Aquicultura da UFFS, que desperta essa potencialidade da região nos alunos, e estes envolvem suas famílias.
Nesta terça-feira (22), os colegas do curso de aquicultura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Valternei Marcelo Pereira, Helton Bartozik e Marilia Passarin, realizaram a primeira despesca de camarões, já com finalidade comercial, na propriedade de um deles. Mas estes não levarão para a Feira do Peixe Vivo, que está acontecendo nesta quarta (23 ) e quinta (24). A primeira leva da produção deles, já é aguardada por consumidores mais próximos que acompanham o desenvolvimento do projeto.
Esse grupo, juntamente com os demais colegas Rubens Adriano Drzinddzik e Lucas Vogel, são os precursores da experiência que foi de iniciativa dos próprios estudantes, e acolhida pela universidade, no final de 2014. Para essa primeira experiência, adquiriram pós-larvas de laboratórios já certificados em outros Estados. Mas desde o início deste ano, o laboratório da própria UFFS, que vem centrando foco na efetivação
do projeto e desenvolvimento de ambiente adequado para a sobrevivência das pós-larva, prevê que em breve, já será possível fornece-las para os criadores locais.
Eles contam que os testes que estão sendo feitos agora, são referentes à resistência dos animais às temperaturas baixas no inverno. Mas garantem que a ideia já deu certo, e que conseguiram fechar o ciclo produtivo do camarão de agua doce, da espécie Macrobrachium rosenbergii.
“Somos imensamente gratos à professora Silvia Romão, pela felicidade dessa ideia que começa a dar frutos. A ela devemos tudo o que conseguimos. Também pelo seu empenho e participação no núcleo de desenvolvimento da piscicultura na cantuquiriguaçu. Ela abraçou a nossa causa, nos acolheu na UFFS, inclusive, comprando materiais e equipamentos que precisávamos com o dinheiro do próprio bolso” reconhecem os alunos.
Presente na feira, o produtor de peixes, Salomão da Silva, diz que o curso de aquicultura, trazido pela UFFS, tem sido importante para que se descubra e se acredite em novas potencialidades para a região. “Meu filho faz o curso lá. Ele começou a me convencer a criar peixes. Estamos muito felizes com a ideia, pois além de rentável, e muito gostoso trabalhar com a piscicultura”, afirma.
Primeira oferta de camarões na Feira do Peixe Vivo
É a primeira vez, que a feira do peixe vivo, por ocasião as Semana Santa, terá no segundo dia, a oferta de cerca de 50 quilos de camarão de agua doce, já disponibilizados por um único produtor. O casal, Caroline Piovesane
Sidnei Braga, conta que tiveram a ideia de criar camarões, inspirados na experiência do grupo de alunos do Curso de Aquicultura da UFFS, do qual ela também é aluna. Eles são criadores comerciais de peixes há seis anos. Atualmente, ele é presidente da Peixelar – Associação dos Produtores de Peixe de Laranjeiras do Sul. “Já estamos tendo camarões para o consumo próprio desde novembro ultimo. Mas é a primeira vez que fazemos a despesca para vender na feira, apenas na quinta-feira (amanhã), quando vamos sentir qual será a aceitação”, comenta Caroline.
Uma observação importante, feita por Caroline e Sideni, é com relação ao policultivo, que possibilita a criação de camarões no mesmo tanque, junto com outros peixes. “é preciso apenas esperar 30 dias para que a pós-larva deixe de ser alvo dos predadores. Mas é uma convivência tranquila e inclusive econômica, pois os camarões de alimentam das sobras dos demais”, ressaltam.
O casal comenta ainda sobre a mudança de hábitos de consumo de peixe, na região, tendo havido grande aumento. “Ninguém mais volta com peixes , em qualquer dos dias da feira. Hoje, foram comercializados mais de 400 Kg, na primeira meia hora da feira. No total tivemos a inscrição de 2.800 Kg, mas certamente os produtores terão que reabastecer a cada horário de pico nas vendas”, relata o presidente da Peixelar.
Já, a criadora de Peixes de Faxinal Grande, Claudia Kochen, comercializa sua produção pela segunda vez, apenas no período da Semana Santa, mas diz que vai entrar para a Peixelar para trazer seus produtos uma vez por mês, como fazem os produtores associados. Desta vez, ela oferecia uma variedade de tipos e tamanhos de peixes diferenciados e diz que está em expansão, inclusive com interesse pela criação do camarão, também. “A criação de peixe vem se tornando uma ótima opção para diversificar a renda. As vezes os consumidores reclamam do preço porque hoje estou vendendo a 12 o KG. Mas é o repasse do alto custo da ração, que passou de R$40 para R$54”, argumenta.
Para o consumidor Alex Azevedo que comprou 4,5 Kg de pescado, o consumo de peixe é saudável e alimenta uma cadeia produtiva muito importante para a região. “Aqui na feira é o único lugar possível de encontrarmos peixe fresco, em Laranjeiras. A gente também sabe que a procedência é boa e que é uma ótima opção alimentar”, destaca.
Consumidor sai com peixe limpo da feira
Um grupo alunos idealizadores da produção de camarões na UFFS, durante a feira do Peixe Vivo, atuam em outra ponta. Como fizeram um curso de boas práticas de manipulação do pescado, eles atuam em parceria com a peixelar, no abate e limpeza dos animais para que o consumidor tenha mais facilidade. Só para tirar as vísceras não tem custo. Para descamar, é cobrado R$ 2 por animal.
Serviço
Local e datas: A feira está atendendo no Parque Aquático, nesta quarta e quinta-feira, a partir das 9h.
Preços: Os preços variam de produtor para produtor, entre R$ 9 e R$ 15, de acordo com os tipos e tamanhos de peixes.
Limpeza: Só para eliminar vísceras, não tem custo. Para descamar, R$ 2 por animal.