Obra baseada em documentos oficiais, contextualiza o Território Federal do Iguaçu
Em clima de lançamento de seu livro Território Federal do Iguaçu – Perspectivas para o Desenvolvimento Regional, cuja recente sessão de autógrafos estreou a Casa da Memória e da Cultura de Laranjeiras do Sul, o professor e historiador, Arno Bento Mussoi fala sobre seu encontro com o conteúdo da obra, as curiosidades e as pessoas antes inimagináveis, que teve acesso por meio da história e até pessoalmente.
Arno observa que a história apresentada em seu livro, que vai entrar na grade curricular do município, é contextualizada, levando em consideração as políticas públicas do Brasil da época, fundamentando as razões pedagógicas. A começar pelo ano de 1930, quando o então presidente Getúlio Vargas criou cinco territórios em todo o Brasil, dentre eles o do Iguaçu.
De acordo com Mussoi, o diagnóstico do governador Garcês, antes de começara o Território – mostra que, após criado, o povo não queria a extinção, quando começou a se cogitar o fim. Foi então que o interventor Brasil Pinheiro Machado teve papel de convencimento importante. Para isso, prometeu criar o Departamento Administrativo do Oeste do Paraná, em 1947, e o criou, com sede em Laranjeiras. Como esse centro administrativo não era do interesse dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, pois queriam reaver as terras que diziam ter perdido na ocasião da criação do Território do Iguaçu, um ano depois o tal departamento fechou as portas.
Com os documentos de referência em mão (histórico da criação do Território e material pesquisado, principalmente na Biblioteca Pública do Paraná, o professor mostra trechos do relatório do governador ao presidente, mencionando aspectos curiosos, inclusive sobre a situação das terras na região. Assunto interessantíssimo para uma próxima reportagem.
ENTREVISTA:
…comcafé: Como foi o processo de pesquisa para a elaboração de sua da obra?
R: Em 2002, quando eu produzia o primeiro livro, Laranjeiras do Sul, Espaço em Construção, um trabalho de pós-graduação pela Unicentro, orientado pela professora Vanda Pacheco dos Santos, ela me sugeriu que trabalhasse com uma pesquisa que fosse apresentada à comunidade. Isto aconteceu. O município utilizou o material pesquisado, transformando-o em um livro que até hoje, está nas escolas. Mas para mim, durante esse trabalho, ficaram muitas interrogações. Principalmente em relação ao Território do Iguaçu. Tudo o que se sabia era que aqui foi a capital. Tudo não passava de um mito no imaginário popular. As referências que existiam eram basicamente reprodução das ideias do escritor Rui Cristóvão Wachowski.
…comcafé: Qual o grau de credibilidade das fontes utilizadas na sua pesquisa?
R: Posso dizer que esta obra já está sendo objeto de pesquisa de uma tese de doutorado, sobre territorialidades. Todo o trabalho deste livro tem cunho científico. Foi desenvolvido como pesquisa de uma pós-graduação em Administração Pública, pela Unibrasil, tendo como peso a linha de pesquisa e o confronto das informações, de modo que a conclusão da história se aproxime ao máximo possível da real versão.
…comcafé: O que mais o surpreendeu durante a compilação das informações?
R: O encontro com o neto do governador Frederico Trota, que reside no Rio de Janeiro, a quem descobri pelo Orkut. Foi uma das fontes mais importantes e produtivas, tendo fornecido inclusive, a cópia do relatório oficial do avô, direcionado ao presidente Eurico Gaspar Dutra, por ocasião do encerramento do Território. Esse documento traz informações importantíssimas para o entendimento da época, assim como de muitos aspectos dos dias atuais.
…comcafé: Qual deve ser o olhar de alguém que pretenda contar histórias por meio de livros, como o Sr.?
R: Olhar crítico, questionar as informações e sua veracidade, contextualizar. Pois nada acontece isoladamente. Para se chegar a uma conclusão sintética e apurada.
O livro Território Federal do Iguaçu – Perspectiva para o Desenvolvimento Regional, pode ser adquirido em pontos de vendas de Laranjeiras do Sul, por R$ 25.