Superintendente Estadual de saúde fala sobre desafios para se manter uma UTI em municípios como Laranjeiras do Sul, legislação e prevenção de doenças
Uma UTI Exige um quadro de intensivos que são profissionais muito disputados no mercado e logo caros. Para viabilizar, a solução é por meio de consórcio que funcionam com a pactuação entre gestores, facilitando as dificuldades impostas pela legislação, quado se faz a gestão pública direta.
Numa entrevista com o médico Irvando Luiz Carula, superintendente na secretaria de Estado de Saúde do Paraná, na última segunda-feira (08), ele falou sobre os possíveis desafios que municípios como Laranjeiras do Sul, enfrentam para manter um hospital com UTI, as burocracias para cumprir com as resoluções federais, as doenças que mais predominam no Estado e a necessidade de investir mais em prevenção.
Sobre a viabilidade da retomada da UTI, em Laranjeiras do Sul, Irvando verificou se já havia algum encaminhamento pelo Estado, além da liberação de recursos para a compra de equipamentos, e conferindo que o Instituto São José não conta ainda com intensivistas, relativiza a possibilidade efetiva, condicionando a implementação, à necessidade de gestão via consórcio entre os municípios da Região Cantuquiriguaçu. De acordo com ele, o Estado tende a investir nos consórcios para otimizar recursos e compartilhamento de serviços de alta complexidade. Atendimentos estes, que prevê continuarem sendo feitos nos municípios maiores, mesmo que a região conte com UTI.
“Uma UTI não faz milagres. Ela serve para manter as pessoas vivas, mas cirurgias e tratamentos dos casos graves, precisam ser encaminhados para hospitais referência”, observa o gestor que considera como maior desafio para um município como Laranjeiras, manter o quadro de médicos intensivistas, cerca de quatro profissionais que intercalam turnos e que hoje são difíceis de encontrar, e mais ainda de pagar salários que os atraia a permanecerem nas pequenas cidades. “Para garantir um quadro de médicos intensivistas, assim como nefrologista, só pagando altos salários”, comenta o superintendente, acrescentando que isso sacrifica os municípios a ponto de ser difícil suportar. “Mas se o prefeito fizer via consórcio, pode dar certo”, complementa.
Legislação inadequada
Sobre a legislação em saúde, como médico e experiente gestor, Irvando acredita que as atuais leis precisam mudar. Ele diz que as leis vigentes não atendem as necessidades dos gestores e que foram feitas para comprar comida, guarda-chuvas e bicicletas e não para comprar medicamentos e equipamentos de urgência em saúde. A demora das licitações, os processos na justiça para que um juiz determine a compra de um medicamento que o gestor poderia ter autonomia para comprar, são alguns dos entraves.
Prevenção X doença
De acordo com o médico Irvando, grande maioria dos brasileiros tem vida sedentária, hábitos de beber, de fumar, obesidade. Uma parte da população tem Diabetes. São todos fatores de risco para doenças cardiovasculares e cerebrovasculares que são as que mais matam. Na maioria dos municípios do Paraná, o que mais mata são doenças vasculares. Morre-se de infarto, AVC. A segunda causa são os traumas por acidente e Câncer que está aumentando muito. “Mas água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Nós da saúde temos que fazer isso. Temos que bater com a questão da alimentação saudável, dos exames rotineiros e tratamento precoce, até que a pedra fure e isso se equilibre”.
Para Irvando, a prevenção se faz nas unidades básicas e núcleos de apoio de saúde da família. Mas infelizmente, segundo o gestor, o investimento em doenças acaba ganhando, inclusive na atenção dada pelo Estado. “Poderia ser diferente, se os investimentos pudessem ser em prevenção, preparando equipes e auxiliares para identificar fatores que resultam em doenças”, acredita o médico.
Irvando, informou ainda que o Estado está tentando implantar um programa chamado Medicina à Distância, em que os profissionais de localidades mais distantes, por meio de parcerias online com algumas universidades, ouvem uma segunda opinião de um profissional experiente para tirar dúvidas sobre patologias e indicação de tratamentos.